A primeira proposta de trabalho, no âmbito da disciplina de Design e Comunicação Visual, consiste em elaborar a interpretação visual de uma música à nossa escolha. Para isso devem ser utilizados os elementos básicos e as técnicas da comunicação visual.
A música que escolhi para este efeito é da autoria de Yann Tiersen e chama-se Sur Le Fil. É uma música triste, mas por não ter letra e ser só instrumental permite uma interpretação menos literal, que varia de pessoa para pessoa. Por exemplo, a segunda parte da música faz-me pensar num dia chuvoso, mas o mesmo pode não acontecer com outra pessoa.
Sur Le Fil, cujo significado literal é on the wire, em inglês, tem outro significado, mais figurado, que é no limite. Para mim o nome da música faz todo o sentido e adequa-se perfeitamente à melodia. Na primeira parte da música ouvimos apenas um violino; o seu som é melancólico por natureza. Esta tristeza faz-se ouvir igualmente na melodia que toca. O início é calmo, mas passado um minuto o ritmo fica mais rápido. A melodia também não é a mesma. Ao contrário das primeiras notas que ouvimos, nesta nova melodia não existe grande amplitude entre as notas mais graves e as mais agudas, pode dizer-se que é uma melodia sem grandes variações. No minuto 2:15 dá-se outra alteração, sendo que o ritmo aumenta ainda mais de velocidade, e a melodia fica mais agitada e com uma dinâmica mais forte.
Após uma breve pausa, começa a segunda parte da música. Aqui já não ouvimos o violino, mas sim um piano. Apesar da melodia ser totalmente diferente, continua num tom triste. O início é calmo, ouvem-se apenas acordes, seguidos de uma melodia regular, assim como acontece na primeira parte. Apesar disso, aos 6 minutos, o tempo acelera e, passados alguns compassos, acalma novamente. Até ao final ouvem-se, mais uma vez, os acordes do piano.
Como já referi, a segunda parte da música faz-me lembrar chuva, talvez pelo seu carácter melancólico. No geral, associando o título à música, penso que ela pretende transmitir os sentimentos de alguém que se encontra no limite, isto é, numa situação muito negativa, e não sabe o que fazer. Tal sentimento faz essa pessoa chegar a um ponto em que explode, que para mim está representado pela melodia frenética e caótica do final da primeira parte. No caso de Sur Le Fil, acho que a pessoa não conseguiu encontrar uma solução para o problema e permaneceu num estado de apatia, representada pela regularidade do piano. O ritmo mais acelerado que ainda se faz ouvir por breves momentos, para mim, representa mais uma tentativa de sair daquele estado de tristeza e desespero. Porém, mais uma vez, é ele quem ganha, e da pessoa não resta quase nada, apenas uns meros acordes.
Em relação à forma como vou tentar representar visualmente esta música, a primeira ideia que tive foi de dividir a imagem em duas partes, que devem representar a divisão presente no tema. Uma possibilidade seria traçar uma linha a meio, ou fotografar algo que a pudesse substituir, tal como um cabo entre dois postes de electricidade, por exemplo. No entanto, esta interpretação parece-me demasiado literal, o mais provável é que ainda mude de ideias. Outra hipótese seria usar uma fotografia de uma rede, ou de umas grades, que ocupassem a parte de baixo da imagem. Acima dela colocaria outros elementos, e atrás algo que representasse a pessoa, ou aquilo que ela era antes. Para os ritmos mais rápidos quero, sem dúvida, utilizar algo que capte movimento, mas ainda não sei bem o quê. Uma opção seria uma pessoa a correr em direcção a algo, mas não sei se vou usar esta ideia, pois eu associo o movimento sugerido pela música à pessoa num estado de desespero, que vou tentar representar de outra maneira. As cores serão pouco saturadas, na sua maioria cinzentos, preto e branco, e talvez alguns azuis e verdes mais escuros.
No que diz respeito às técnicas da comunicação visual, a primeira parte será instável, irregular e complexa. Os elementos que vou utilizar estarão dispostos quase aleatoriamente, sem nada que os ligue entre si. A segunda será regular, talvez através do padrão da rede ou da grade. Será dada ênfase apenas àquele momento, quase no fim da música, em que o ritmo acelera durante alguns segundos. Esta parte será aprofundada noutro artigo, pois ainda não escolhi todos os elementos a ser utilizados, por isso também ainda não sei como os irei dispor.
Ficam aqui algumas imagens que têm a ver com aquilo que quero representar: